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Monocrom​á​tico

by Museu de Cinzas

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1.
Tenho que dizer tudo o que sinto Tenho que dizer tudo o que sinto Tenho que expelir daqui Tento não me envolver mas eu minto Tento não me envolver mas eu minto Tento disfarçar e sorrir Pra você não me ignorar Aqui Pra você não me ignorar Aqui Pra você não me ignorar Aqui Pra você não me ignorar Tenho que largar tudo o que sei Tenho que largar tudo o que sei Tenho que apenas existir Tento não ver mas eu sei Tento não ver mas eu sei Tenho que ser o que sou Pra você não me ignorar Aqui Pra você não me ignorar Aqui Pra você não me ignorar Aqui Pra você não me ignorar Aqui Tento me equilibrar sem tropeçar Tento me encontrar além Tenho tanto a caminhar E posso ter que te dizer Eu nunca fui tão feliz assim Aqui Tenho que largar tudo o que sei Tenho que largar tudo o que sei Tenho que apenas existir Tento não ver mas eu sei Tento não ver mas eu sei Tenho que ser o que sou Pra você não me ignorar Aqui Pra você não me ignorar Aqui Pra você não me ignorar Aqui Pra você não me ignorar Aqui Tento me equilibrar sem tropeçar Tento me encontrar além Tenho tanto a caminhar E posso ter que te dizer Eu nunca fui tão feliz assim Aqui Pra você me ignorar
2.
Me permito a te esquecer Se você não vai embora Tanto faz não vou nem pensar Eu sempre estive como agora Nós dois somos um dia nublado O sol não me aquece Estou ao seu lado Me permito a minha visão Monocromática Da vida Sendo tudo tão colorido Nós dois nunca percebemos O que há Além das nuvens Sei que há muito Afinal Sempre sobra um pouco Pro final Nós dois somos um dia nublado O sol não me aquece Estou ao seu lado Nós dois nunca percebemos O que há Além das nuvens Sei que há muito Afinal Sempre sobra um pouco Pro final Sei que há muito Afinal Sempre sobra um pouco Pro final
3.
Vá com calma Vá com calma Não me atropele aqui não Não, não, não me devora Que não demora tanto E eu já assumo toda culpa Pra deixar tudo Tudo bem Pra deixar tudo Tanto faz fazer tudo Do jeito determinado Não tô nem aí Não tô nem aí Se você me julga bem Ou mal Pra deixar tudo Tudo bem Pra deixar tudo Tudo bem Pra deixar tudo Tudo bem Pra deixar tudo acabar É só começar Pra acabar É só começar Pra acabar é só Pra deixar tudo Tudo bem Pra deixar tudo Tudo bem Pra deixar tudo Tudo bem Pra deixar tudo acabar É só começar Pra acabar É só começar Pra acabar é só
4.
Procurei em tantos lugares Nos quatro cantos, mergulhei nos sete mares Mas não achei repostas, nem pedaços Porque entre nós nada sobrou, nada sobrou O que dizem as lendas, não acredito em mitos O que pode nascer, o que deve ser extinto Será que viverei em um museu de cinzas Com vagas lembranças, de tudo o que vivi Mas vejo que meus medos Deixaram de existir Meu tempo não se esgotou Ainda não se esgotou O caminho é longo E a vida nova começou
5.
Besouro 03:56
Um besouro me encara Um besouro me encara Com seus grandes olhos negros Ele o inseto, eu um objeto Tão distantes, tão perto Ele decola e me leva E eu solenemente cago minha dor Sobre cabeças vazias Agora sou algo mais, sou um objeto voador Eu sigo em frente, eu sigo assim Mordendo os dentes
6.
Ao acaso 03:25
Nem sempre há Um bom motivo pra sonhar E você presa ao que eu te dei Ainda estou Ao acaso a te esperar E você livre pra voar Deixe a porta aberta Teime em ser sincera Deixe o que te cerca Você verá Que já não pode perceber E alcançar O tempo há de se perder Mas o dia vem Não quero entender Vou até o dia amanhecer Deixe a porta aberta Teime em ser sincera Deixe o que te cerca Mente enquanto espera
7.
Sonhar 03:35
Os dias mudam de repente Não acho que seja bem assim Você não vê tudo diferente Talvez você não esteja aqui Presa ao meu lugar Mas sonhar sempre Muda O mundo de lugar Acreditar e seguir em frente Você sempre pode se perder Mas acredito no que eu sinto Talvez você esteja doente Presa em sua mente Mas sonhar sempre Muda O mundo de lugar Sonhar sempre Muda O mundo de lugar Sonhar sempre Muda O mundo de lugar Sonhar sempre Muda O mundo de lugar
8.
Filme mudo 03:06
Não me levanto porque eu não quero te dizer Que na verdade só penso em dormir Um dia mais E daí eu quero mesmo é entender Tanto faz o que você vê Sou apenas um nó no universo E estou vendo que você Se acha demais Olha que eu sempre estive aí Ao lado de quem quer que fosse E não vejo porque simular Tanta solidão É tão bom me ver Quando você me olha Eu sou o mesmo e vejo Algo enquanto chove Tento sonhar e acreditar Mas eu sempre durmo no final Desse filme mudo Por que você não me acorda? É tão bom me ver Quando você me olha Eu sou o mesmo e vejo Algo enquanto chove Tento sonhar e acreditar Mas eu sempre durmo no final Desse filme mudo Por que você não me acorda?

about

Museu de Cinzas

Leonardo Oliveira: voz, guitarra, baixo, violão e percussão
Carlos Otávio Vianna: voz e guitarra
Fabiano S. Cunha: baixo
H. E. Pennypacker: bateria
Jessiane Speck Paegle: piano em "Sonhar"

credits

released November 20, 2020

Produzido por Museu de Cinzas entre 2019-2020
Gravado por Leonardo Oliveira, Andre Leal e Kleber Mariano
Mixado por Leonardo Oliveira e Val Waxman
Masterizado por Andre Leal e Kleber Mariano (Estúdio Jukebox)

Arte por Mário Alencar (www.marioalencar.com)

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Release

A imagem em chamas do velho casarão do século XIX ainda arde na minha memória. O fogo havia tomado tudo. Em poucos minutos, parte da memória do país e da humanidade se apagava de forma implacável. As labaredas de fogo dançavam revolutas em redemoinhos debochados e flamejantes ante a nossa súplica incrédula. Alguns choravam e lamentavam; outros davam de ombros sem saber muito bem por quê. Uma tragédia sem precedentes.
O Museu Nacional, um lugar comum para mim de encontros e desencontros, ruía esquecido, abandonado, monocromático. Um museu de cinzas. O cheiro defumado da história ainda pairava no poluído ar da Quinta da Boa Vista quando escrevia as primeiras linhas de Monocromático, uma canção sobre a incompletude fluida dos relacionamentos modernos. Os versos “Me permito a te esquecer/se você não vai embora” surgiram assim, da mistura caótica e desordenada enclausurada no tecido urbano diário de nossas vidas.
Gosto de museus e de suas histórias mofadas pelo tempo. Talvez, por isso, eu teime sempre em escrever sobre identidade. Dentro dos limites do possível, porque precisamos dos museus para nos decifrarmos. Quando um museu se apaga, leva com ele uma parte que não teremos mais para nos reconhecer. Um vazio, um nó difícil de se desatar. Para que o novo comece é necessário que se finde algo. O que estranhamente também se conecta ao momento atual. Precisamos nos afinar, nesse recorte outonal de nossas vidas, no mesmo diapasão das cinzas que nos restaram. Espero que se reconheçam nos retalhos ruidosos e distorcidos da Museu de Cinzas.

Montrouse

***

Pra você não me ignorar

Pra você não me ignorar é uma música que começa com uma batida leve, mas que com a intensidade da letra fica muito pesada. A perspectiva é de alguém que está sob alta pressão, prestes a explodir. Um clamor de liberdade de quem tem uma corrente esticada, mas ainda assim presa. Ao mesmo tempo em que precisa fugir, não consegue escapar, “Tenho que largar tudo o que sei...”. Esse vazio força uma mudança de estrutura de pensamento, de não querer voltar a um mesmo lugar do passado e ao mesmo tempo encontrar um lugar aonde esse passado não ignore quem está cantando... Uma expectativa de equilíbrio e felicidade, frente ao único lugar onde ser ignorado deixa de se doer...


Monocromático

Monocromático é uma balada maldita. Apesar do som agradável e melódico da guitarra, a mensagem é pesada. Monocromático canta a vida preto e branca da maioria das pessoas engaioladas em relacionamentos supostamente seguros, mas que afundam suas vidas, em sua maioria, reféns de matrimônios inoportunos. As faltas de perspectivas e emoções deixam toda e qualquer realidade sem vida, monocromática... Mas quem quer ouvir isso? A banda, então, incendeia de vez a instituição desses relacionamentos fadados ao fracasso. Contudo, eles impedem as perspectivas de se ver além.


Pra deixar tudo tudo bem

Pra deixar tudo tudo bem é pesada e suja. Um enigma. Se o nome da música passa uma mensagem positiva, o texto dá a sensação de que o único caminho de ficar tudo bem é ignorar a própria existência, ou romper o vínculo. Duas opções que não tem como deixar de imediato qualquer coisa boa. Assumir a culpa mesmo sem estar errado para deixar tudo bem. Uma ilusão que acaba caindo num loop maluco desses de linguagem de programação, girando num eterno retorno.... Será que algo fica bem?


Museu de cinzas

Museu de cinzas é um dos grandes carro-chefe do disco. Com uma melodia suave, Carlos parece cantar o finzinho da chuva, antes da último faixa de sol no final da tarde... um crepúsculo... “porque de nós nada sobrou” tanto pode se referir ao Museu Nacional que ardeu em chamas no prenúncio do que estaria por vir, quanto nas perspectivas de uma sociedade coerente e unida, mas que parece ter ido pro fundo do poço; ou ainda se refira a uma relação a dois mal finalizada... a guitarra leve e melódica parece um paradoxo dessa loucura. “Não acredito em Mitos... o que deve ser extinto?”. Aqui eu me permito conjecturar até mesmo sobre nosso ocaso cultural democrático. São perguntas inerentes a qualquer ser humano pensante... as vagas lembranças de tudo que foi vivido parece um combustível para manter a resistência e seguir.


Besouro

Besouro é uma das canções mais leves do álbum. Como a batida é agradável ela convida a uma transmutação, a uma troca de mentes... Quem um dia não sonhou que podia voar? Na profundidade dos olhos negros, o besouro guarda o segredo que faz com que a grande maioria dos mamíferos tenha alguma inveja dos pássaros. Se na transmutação a ideia lembra um pouco "A Paixão Segundo GH", romance de Clarice Lispector que narra a perda de individualidade de uma mulher após matar uma barata, por outro é uma balada feliz, tal qual o sábio chinês que sonhou que era uma borboleta. Ou ainda a batida caribenha dos Gipsy Kings e sua fantástica versão da música Volare sobre nossa vontade mítica de voar ao infinito... Besouro é um convite. Você já voou hoje?


Ao acaso

Ao acaso é uma canção que nada tem ao acaso. Em alguns aspectos é uma antítese à faixa 3 (pra ficar tudo bem). Com uma melodia tão suave quanto a de Brisa, do último álbum da Humbra, ao acaso traz elementos de um assunto inacabado, ausência de um motivo para sonhar. Ao mesmo tempo o sonho muito próximo na perspectiva da teimosia alheia em ser sincera do outro, que está preso no que o cerca... o pedido para se libertar dessa prisão é sucedido por uma melodia sublime que projeta esse sentido, que por sua vez está enredado na inércia de mentir enquanto espera... mentira essa amplificada no belíssimo riff de guitarra, como num último pedido para que a porta fique aberta, para que o futuro e o coração ainda fiquem em aberto.


Sonhar

A mais leve de todas as canções do álbum aposta em um vocal agudo e numa batida suave, mais acústica. Com início barroco de contraste, passa um apelo ao caráter transitório do todo. Algo que remete a Heráclito e ao mesmo tempo um lamento pelo outro que não consegue sair do seu lugar comum e entender essa transitoriedade... a doença de envelhecer. Deixar de se transformar com o mundo ao redor tem um preço... “talvez você esteja doente/presa em sua mente” diz um dos versos. O que parece ser uma alusão paradoxal ao refrão “sonhar sempre muda o mundo de lugar”. Estar preso em sua própria mente, é confinar-se num universo infinito. Às vezes um labirinto difícil de transpor...


Filme mudo

Filme mudo é, para mim, candidata a canção com melhor melodia do álbum. Com início ácido, relembra o clássico "eu não quero ver meu rosto antes de anoitecer". A perspectiva de ser um nó no universo traz elementos de filosofias orientais, em contraste com o “é tão bom me ver quando você me olha”... uma relação de dependência? Essa canção está de certa forma amarrada com Sonhar sempre muda o mundo de lugar, em contraposição. O silêncio como um castigo que prende ao personagem em um pesadelo... e quem pode acordá-lo parece dizer Interessado ou distante... Talvez uma alusão ao acordar do pesadelo em que estamos... e nesse ponto ganha amarração com o museu de cinzas, finalizando o arco do álbum.

Cristiano Rancan, 20/11/2020.

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Jambre:
www.jambrerecords.com/home
jambrerecords.bandcamp.com
www.youtube.com/channel/UCkVxKTk1l-lrOaO6RqxB4nA

Spotify:
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Museu de Cinzas
E-mail: montrouse@gmail.com

A&R = Val Waxman
E-mail: marcus.ufrrj@gmail.com (Jambre Records)

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Museu de Cinzas Rio De Janeiro, Brazil

Coletivo shoegazer carioca. Alma distorcida, retalho ruidoso.

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